"...Devemos
lembrar, a cada refeição, que o alimento retirado da substância da terra é o
corpo do Espírito de Cristo que ali habita, que aquele corpo está sendo
repartido para nós diariamente, e podemos, então, apreciar a bondade amorosa
que O impele a dar‑Se a nós. Lembremo‑nos, também, que não há um momento, dia
ou noite, que Ele não esteja sofrendo por estar ligado a esta Terra. Portanto,
quando comemos e percebemos a verdadeira situação, estamos realmente
proclamando a morte de Cristo, cujo espírito está gemendo e labutando,
esperando pelo dia da libertação, quando não haverá necessidade de uma
envoltura tão densa como a que necessitamos agora.
Mas há um
outro mistério, maior e mais maravilhoso ainda, oculto nessas palavras de
Cristo. Richard Wagner, com a rara intuição de um gênio musical, percebeu isto
quando, sentado em meditação à beira do Lago de Zurique numa Sexta Feira Santa,
sentiu brotar em seu espírito um pensamento: "Que ligação existe entre a
morte do Salvador e os milhões de sementes que germinam na terra nesta época do
ano?" Se meditarmos sobre a vida que anualmente brota na primavera, vemo‑la
como algo maravilhoso e digno de veneração. Há um fluxo de vida que transforma
o globo, do inverno de uma aparente massa gelada, em vida primaveril e
rejuvenescida num curto espaço de tempo. A vida que assim se propaga nos brotos
de milhares e milhares de plantas, é a vida do Espírito da Terra.
Dela
vem tanto o trigo como a uva. Representam o corpo e o sangue do aprisionado
Espírito da Terra, incumbido de sustentar a humanidade durante a presente fase
de sua evolução. Repudiamos a alegação daqueles que julgam que o mundo lhes
deve uma vida plena, sem que se esforcem por ela e onde não tenham
responsabilidade material. Insistimos
que existe uma responsabilidade espiritual
ligada ao pão e ao vinho servidos na Ceia do Senhor: devem ser ingeridos condignamente, caso contrário, causarão
enfermidades e até mesmo a morte. Superficialmente lido, poderá parecer um
conceito forçado, porém, quando meditamos à luz do esoterismo, examinando
outras traduções da Bíblia e observando as condições atuais do mundo, veremos
que não é assim tão forçado."
Extraído de Coletâneas de um Místico, de Max Heindel- Cap.IV- O Sacramento da Comunhão, em minha memória.
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